Inegavelmente, uma das perguntas mais recorrentes que recebo nas minhas redes sociais é a seguinte: devo pensar no dividend yield (DY) (% a.a.) de FIIs e ações como um parâmetro importante?
Assim sendo, resolvi fazer um artigo para o blog com objetivo de explicar o termo dividend yield e responder a pergunta proposta pelo título do post.
Então, será que o dividend yield é importante para FIIs e ações?
Antes de mais nada, vamos entender o que quer dizer o DY (%)…
O que é dividend yield?
Em síntese, dividend yield é um valor percentual que avalia o retorno do capital investido para os cotistas ou acionistas, na forma de dividendos recebidos.
Desse modo, o DY (%) pode ser calculado de acordo com a fórmula da figura 1:

Fonte: Autoria própria (2020).
Só para exemplificar, vamos supor que você tenha recebido nos últimos 12 meses, R$ 6,00 de dividendos por cota de um FII e que você pagou o valor de R$ 120,00 por cota.
Então, o DY (%) será igual a 5 % ao ano (a.a.).
É possível notar que o valor do DY é sempre anual e não mensal, mas por que isso ocorre?
Por que o valor do DY (%) deve ser calculado para o período anual e não para o período mensal?
Sem dúvidas, existem alguns pontos que podem responder essa pergunta. Só para ilustrar, vou discutir alguns deles.
Em primeiro lugar, vamos usar a figura 2 para observar o fluxo de dividendos pagos pelo FII XPML11 nos últimos 12 meses.
Aliás, se você quer saber mais informações sobre o XPML11, basta clicar aqui.

Fonte: Adaptada de MundoFII (2020).
Uma vez que o fluxo de dividendos do XPML11 sofreu variações significativas devido à pandemia de COVID-19, não faria sentido calcular o DY mensal para os meses de março, abril e maio de 2020.
Aliás, não faz o menor sentido você considerar somente um determinado mês como parâmetro eficiente para verificar o desempenho de um fundo ao longo do tempo.
Sendo assim, para evitar possíveis distorções ocasionadas pela variação do fluxo de dividendos do fundo, o valor do DY deve ser sempre calculado com o fluxo de proventos dos últimos 12 meses!
Em segundo lugar, vamos pensar no pagamento de dividendos pelas ações, certo?
Nesse sentido, os acionistas sabem que a maioria das empresas não paga dividendos mensais, ou seja, os dividendos são distribuídos de acordo com a política de distribuição de proventos definida pela empresa.
Então, novamente, não faz sentido algum considerar a entrega de dividendos de um único mês no cálculo do DY, uma vez que todo o histórico de distribuição anual de proventos é muito mais significativo.
Por que existem FIIs que tem valores de DY (% a.a.) elevados?
Às vezes, nas minhas redes sociais recebo perguntas sobre FIIs que têm valores de dividend yield elevados, como no caso do XPCM11.
Desse modo, vale muito a pena explicar esse ponto para que fique bem claro!
Você já deve ter ouvido falar a seguinte frase: quanto maior o retorno prometido, maior o risco envolvido naquele investimento!
E por que isso acontece? Porque o mercado é eficiente em “precificar” os ativos e considera determinados indicadores econômicos como a Taxa Selic para balancear essa precificação.
Em outras palavras, no mercado de renda variável, o valor de DY de um determinado FII não pode estar muito descolado do DY médio pago pelos FIIs mais seguros e consolidados.
Caso contrário, saiba que certamente existe um risco elevado em investir naquele ativo!
Por exemplo, o XPCM11 é um fundo composto por um único imóvel localizado em Macaé – RJ que estava locado somente para a Petrobrás. Ou seja, é um fundo mono-mono.
A Petrobrás anunciou a rescisão de contrato de locação e comunicou que irá desocupar o imóvel até o final de 2020.
Atualmente, em junho de 2020, o grande problema é que o imóvel não tem qualquer perspectiva de ser locado para alguma empresa grande.
Portanto, ao investir no XPCM11, o investidor está assumindo um risco altíssimo e, consequentemente, estará recebendo um dividend yield elevado de aproximadamente 16 % ao ano.
Mesmo que receber valores de DY elevados possa parecer tentador, lembre-se que caso não haja alguma mudança significativa no cenário, é bastante provável que haja dificuldade de realocar o imóvel.
E aí, nesse caso, seu fluxo de dividendos futuros ficaria muito comprometido, certo?
Assim, como vocês já devem saber: eu prefiro ficar de fora de situações que não vão de encontro ao meu racional e que tiram a minha tranquilidade!!
O Dividend Yield é importante para FIIs e ações?
Certamente, quem já me conhece e me segue faz algum tempo já sabe o que eu penso a respeito da análise do DY (%) de FIIs e ações.
Contudo, vou explicar o meu racional para que vocês entendam, certo?
Assim, dentro da minha racionalidade, penso que o foco principal do investidor deve ser sempre priorizar a análise de qualidade dos FIIs e ações que deseja ter em carteira!
Em resumo, o importante é estudar os ativos e compreender que o DY (%) é um cálculo que não pode ser usado isoladamente para definir qualidade!
No caso dos fundos imobiliários, como demonstrado anteriormente, valores de DY (%) elevados indicam um risco alto ao investir naquele FII.
Analogamente, também penso que o DY das ações tem um peso muito menor do que a análise da qualidade daquela empresa.
Além disso, a distribuição de dividendos das empresas não é obrigatória, sendo que grandes empresas como a WEG usam seus lucros para reinvestir, ao invés de distribuir dividendos.
Ou seja, o melhor é focar na análise de qualidade dos ativos do que simplesmente ficar refém de Dividend Yield!
Espero ter sanado a dúvida de vocês!
Até breve!